ISAQUE E JACÓ (Romanos 9: Uma Leitura Arminiana Sob a Nova Perspectiva)

Isaque e Jacó


Em Romanos 9:7, Paulo cita Gn 21:12 para explicar que, mesmo antes de Isaque nascer, Deus havia determinado que a descendência de Abraão seria "contada" a partir de Isaque – em outras palavras, o povo da aliança passaria pela linhagem de Isaque em vez da de Ismael. O contexto original da passagem, incidentalmente, deixa claro que não apenas Isaque seria escolhido, mas que Ismael seria rejeitado em favor de Isaque. Ainda, Deus deixa claro que Ismael seria rejeitado por Abraão, tal que a linha de sucessão da aliança é claramente por Isaque; não obstante, Ele assegura a Abraão no verso seguinte (Gn 21:13) que "do filho da serva farei também grande nação, porque ele é sua descendência". Nos versos seguintes lemos que "Deus ouviu o garoto [Ismael] chorando... 'Dele farei grade nação'... Deus estava com o garoto enquanto ele crescia" (Gn 21:17-20). Em outras palavras, Deus tinha um plano positivo para Ismael e seus descendentes, bem como para Isaque e seus descendentes; é apenas em relação a ser membro da nação da aliança que Ismael fora rejeitado.

Paulo, significativamente, interpreta a citação como significando que "não são os filhos naturais os filhos de Deus, mas os filhos da promessa que são contados como descendência de Abraão" (Rm 9:8). Ele sutilmente faz aqui o que fica mais evidente em Gálatas 4:21-23: ele identifica o Israel étnico com os filhos de Agar, em oposição aos de Sara. Desde que o Israel étnico dependia da descendência natural de Abraão, eles eram análogos a Ismael, que fora descendente de Abraão (sem mencionar a primogenitura) de forma puramente natural. Os cristãos, confiando que "aqueles que creem são filhos de Abraão" (Gl 3:7), são análogos a Isaque, o filho da promessa. Em Romanos 9:8, Paulo cita Gênesis 18:10,14 para estabelecer que a promessa de fato ocorrera antes da concepção de Isaque.

O uso de Isaque e Ismael por Paulo, então, não tem como intenção ser uma afirmação sobre sua eleição eterna individual, nem ser um caso típico de eleição e reprovação. Ele de fato estabelece que o povo judeu não tem razão alguma em confiar na descendência de Abraão para garantir sua inclusão na aliança. Se eles pudessem, os descendentes de Ismael teriam tanto direito a reivindicar as promessas de Deus quanto os descendentes de Isaque.

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